domingo, 22 de fevereiro de 2015

Dica de Leitura: O Peregrino

Uma das coisas de que mais gosto é ler! Tenho um gosto por gêneros bastante variados; ultimamente, tenho descoberto a ficção evangélica e confesso que tenho sido surpreendida. Gosto de ler grifando trechos importantes e fazendo anotações nas margens, mas não costumo fazer resenhas dos livros que leio... Creio, então, que esta é uma ótima oportunidade pra começar! Não gosto de prometer, porém vou dizer o que pretendo: na medida do possível, quero trazer aqui resenhas dessas e de outras leituras. Pra mim será um ótimo exercício! Tomara que vocês também se beneficiem. Se com isso eu conseguir incentivá-los a ler um pouco mais, ficarei muito satisfeita.
O último livro que li foi O Peregrino, de John Bunyan. Foi escrito no século XVII e é considerado o livro de ficção evangélica mais difundido no mundo. A edição que li foi esta da Editora Mundo Cristão, cujo resumo vocês podem ler aqui (http://www.mundocristao.com.br/produtosdet.asp?cod_produto=10549).

A história é contada em prosa por um narrador que se apresenta em 1ª pessoa, contando um sonho que teve com o personagem principal chamado Cristão. Este mora na Cidade da Destruição, está vestido de trapos, com um grande fardo nas costas e com um livro na mão, pelo qual descobre que sua cidade será muito em breve destruída. Orientado por seu amigo Evangelista, para escapar da ira vindoura, ele parte rumo ao caminho da porta estreita, que leva à Cidade Celestial. A partir daí, a maior parte da narrativa se desenvolve em 3ª pessoa, mas de vez em quando o narrador se pronuncia em 1ª pessoa, apenas como se estivesse usando a função fática de testar a atenção do leitor ou manter a conversa com ele.
Alguns personagens, como por exemplo, a própria família de Cristão, o Obstinado e o Sr. Sábio-segundo-o-mundo, tentam dissuadi-lo de sua caminhada, mas ele prossegue. Durante a jornada, ele passa por vários lugares (como o Pântano da Desconfiança, o Desfiladeiro da Dificuldade, o Vale da Humilhação, o Vale da Sombra da Morte, etc.) e se depara com muitos percalços, com personagens dissimulados e enfrenta criaturas terríveis, mas também conhece personagens que se tornam verdadeiros companheiros, como Fiel e Esperançoso, dentre outros.
Como se vê, praticamente todos os personagens e lugares são alegóricos, são metáforas que revelam verdades bastante contundentes a respeito da natureza humana e da vida espiritual. Ao ler essa história, o leitor pode se ver como num espelho. Há trechos realmente reveladores, em que podemos nos ver confrontados na nossa maneira de viver o Cristianismo e também confortados ao perceber que a jornada de Cristão, assim como a nossa, é árdua, mas triunfante. E uma coisa que chama a atenção na narrativa é que apesar de o texto ser escrito em prosa, há alguns poemas em destaque nas páginas que são cânticos, verdadeiras expressões de louvor em meio a duras provas.
Quanto à estrutura do texto, o discurso indireto é utilizado algumas vezes, quando um personagem conta a outros fatos que antecederam na narrativa e que o leitor ou já conhece ou precisa saber. Portanto, foi pontualmente bem empregado. Mas o discurso direto é um recurso dos mais empregados, conferindo à narrativa uma dinâmica capaz de fisgar o leitor. Há diálogos realmente muito interessantes, com argumentações e contra-argumentos muito bem construídos. Eu diria que muitos trechos são uma verdadeira aula de teologia!
Outra coisa que chama a atenção na construção da narrativa é a referência (direta ou indiretamente) de muitos versículos bíblicos. O autor usa o recurso da intertextualidade, revisitando a história de personagens bíblicos (como a mulher de Potifar, Hamor e Siquém, Esaú, Moisés, etc.) trazendo uma nova luz sobre essas passagens bíblicas, fazendo a verdade saltar aos nossos olhos. É impressionante uns insigths que o autor traz! Aliás, dizia-se de John Bunyan que ele tinha a Bíblia no sangue.
Ele estava preso quando escreveu, por discordar da igreja anglicana na época, e há trechos no livro que são um ataque à hipocrisia de falsos mestres e a suas heresias, que podem infelizmente ser encontradas ainda hoje em muitos púlpitos, como por exemplo, a nomeada “teologia da prosperidade”, mais claramente identificável no capítulo 13, quando Cristão e Fiel sofrem perseguição por não participarem da Feira das Vaidades.
O Peregrino é uma narrativa que mostra como a amizade com Deus (estabelecida pela leitura do Livro, das Escrituras) se torna inimizade com o mundo, e também a importância de caminhar com quem partilha da mesma fé, de ouvir o testemunho e contar o nosso, de confrontar o outro, quando necessário, de forma sincera e amorosa. Pra quem tem dificuldade de dizer “a verdade em amor”, há diálogos inteiros que servem até de modelo de como fazer esse confronto, mostrando que ele é benéfico para o nosso crescimento na fé, embora nem todos os personagens tenham se beneficiado disso, uma vez que o orgulho os impediu de ver o próprio erro, o que pode acontecer com qualquer um que não vigie seu coração e suas atitudes.
Enfim, posso afirmar que pra mim foi uma leitura muito gostosa, prazerosa, bastante reflexiva. Recomendo muito. A história está dividida em 20 capítulos. Dá pra ler em um dia. Fiquei com um gostinho de quero mais depois de saber que a história tem continuidade num segundo livro, A Peregrina, no qual a esposa de Cristão arrependida decide seguir seus passos junto com os filhos. Assim que eu puder, vou comprar.

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